Flavia Crizanto

Imprevistos, sentimentos e CNV

O dia 23 de maio, foi de mais um minicurso de Comunicação Não-Violenta (CNV). Eu e a Cristina Cantergiani conduzimos duas horas de uma deliciosa oficina no Colégio Pedro II, unidade de São Cristovão. Foi uma experiência com a qual me senti muito realizada e feliz. Ao final, vi que as minhas necessidades de contribuição e expressão foram atendidas por meio de um processo de muita troca e entrega dos participantes.

Apesar de o resultado ter sido satisfatório e um dos melhores até o momento, foi surpreendente porque o dia, inicialmente, havia começado cheio de surpresas, o que nos trouxe insegurança e tensão sobre como seria essa experiência.

roda de comunicação não-violenta no colégio Pedro II

O que está vivo em mim e em você?

Começamos todas as nossas oficinas com um check-in de sentimentos. Convidamos cada participante a investigar o sentimento que está mais vivo naquele momento. É a hora de olhar para dentro. No Colégio Dom Pedro II materializamos esse resultado no centro que a Cris sempre o prepara com muito cuidado.

Apesar de toda oficina de CNV ser sempre motivo de muita alegria para mim. Neste dia, especialmente, a animação se misturava com dois outros sentimentos:

A insegurança e a tensão. O principal motivo era porque em conjunto decidimos conduzir a oficina de uma maneira diferente da qual costumávamos fazer. A Bia, a Soninha, que também ministram as oficinas conosco, e a Cris haviam participado de um curso na semana anterior e sugeriram a aplicação do jogo dos Escravos de Jó para deixar o entendimento sobre CNV mais lúdico.

Fiquei um pouco insegura porque eu era a única do grupo que não havia passado pela experiência, o que me deixou um pouco preocupada sobre como facilitar um processo sem ainda ter passado por ele. Entretanto, nas minhas últimas vivências, tenho aprendido cada vez mais a confiar no grupo. Confiei.

Como consequência, não teríamos o apoio dos slides projetados. Mas, no dia do evento, Bia e Soninha tiveram problemas de saúde e decidiram praticar o autocuidado, delegando a mim e a Cris a missão de conduzir a oficina, diferente do que havia sido no INEA e na Fundação Casa de Rui Barbosa. O que me trouxe um pouco de tensão.

Sobre fazer aquilo que se acredita

Utilização de Jogos na CNV

Por outro lado, todos esses sentimentos de insegurança e tensão se dissiparam quando entrei na roda. É incrível o efeito que tem em mim falar sobre Comunicação Não-Violenta. Soma-se a isso, a potência e a segurança que a presença da Cris me traz.

Tenho uma admiração profunda por toda base que ela carrega, vinda de um lugar de quem acredita verdadeiramente naquilo que está dividindo. Um dos valores mais importantes para mim na vida é coerência e reconheço essa característica de uma maneira muito forte na Cris. A Bia e a Soninha fizeram muita falta, mas a entrega e o amor da Cris em cada detalhe e palavra preencheram esse espaço.

Jogando com a CNV e com a empatia

Uma das frases que escutei quando cursei alguns módulos do curso de Pedagogia da Cooperação é que:

a maneira como a gente vive é a maneira como a gente joga

Foi um grande jogo! Estabelecemos algumas regras e os participantes tiveram 20 minutos para cumpri-las. Por meio desse processo, muitas questões emergiram e tivemos a oportunidade de viver e passar pelos quatro componentes da Comunicação Não-Violenta: a observação, o sentimento, a necessidade e o pedido.

Todos os participantes trouxeram contribuições muito ricas e se mostraram dispostos a começarem a praticar essa nova linguagem na qual trabalhamos a empatia, a conexão e o não julgamento prévio.

Sabemos que CNV é treino. Eu estou treinando. Acredito verdadeiramente que empatia é construção e pode ser utilizada como ferramenta de mobilização e transformação social.

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2 Comentários

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